Apesar de a Starliner ter conseguido se acoplar à ISS, problemas com o sistema de propulsão e vazamentos de hélio a mantêm acoplada à estação desde então.
Presos no espaço
Os astronautas americanos Barry “Butch” Wilmore e Sunita “Suni” Williams estão atualmente presos no espaço, enquanto a NASA e a Boeing trabalham para resolver problemas com a espaçonave Starliner, que os transportou até a Estação Espacial Internacional (ISS). Cinco vazamentos de hélio e a falha de cinco propulsores durante o acoplamento são os principais responsáveis pela situação. Esses problemas geram diversos cenários possíveis para a resolução da situação.
A Starliner é uma cápsula espacial desenvolvida pela Boeing como parte do Programa de Tripulação Comercial da NASA, que tem como objetivo permitir que empresas privadas ofereçam serviços de transporte para a Estação Espacial Internacional (ISS). A cápsula acoplou à ISS com astronautas em 6 de junho de 2024, mas a missão foi prolongada devido a problemas técnicos.
A rival SpaceX também está no mercado de transporte de astronautas, intensificando a competição pela liderança nesse setor. A Boeing já havia resolvido vários problemas técnicos na Starliner antes da missão que levou Butch Wilmore e Suni Williams, a primeira viagem tripulada da cápsula à ISS.
Como será o resgate dos astronautas?
Há possibilidades que estão sendo estudadas, mas a terceira é menos segura:
Primeiro cenário: retornar pelo mesmo caminho. Essa possibilidade foi discutida há alguns dias. A Boeing ainda acredita que voltar com o mesmo Starliner é não apenas viável, mas a melhor solução. Os vazamentos podem não representar um grande problema para o desacoplamento e a reentrada da espaçonave, especialmente porque as válvulas foram mantidas fechadas enquanto a cápsula esteve acoplada à estação espacial.
Se essa opção for aprovada, a expectativa é que a Starliner traga os dois astronautas de volta à Terra em 2 de setembro.
Segundo cenário: retorno com a Crew Dragon. Se a tripulação retornar à Terra usando a espaçonave Crew Dragon da SpaceX, a Starliner voltaria sem ninguém a bordo. Wilmore e Williams se juntariam à missão Crew-9 da SpaceX, o que exigiria a remoção de dois astronautas dessa missão para acomodar Wilmore e Williams. A missão Crew-9 está programada para lançar em setembro, mas só retornará em fevereiro. Isso significaria que Wilmore e Williams ficariam na ISS por aproximadamente oito meses em vez de oito dias.
Terceiro cenário: desafios complexos na reentrada. Rudy Ridolfi, ex-comandante dos sistemas espaciais militares dos EUA, destacou um terceiro cenário, que envolve riscos adicionais associados à reentrada da Starliner. Ele explica que o alinhamento do módulo de serviço da espaçonave é crucial para uma reentrada segura. Se o alinhamento estiver incorreto, podem ocorrer três consequências perigosas:
Encalhado com oxigênio limitado: Se a Starliner tentar reentrar em um ângulo inadequado, pode ricochetear na atmosfera da Terra e permanecer em órbita com propulsores defeituosos e um suprimento de oxigênio limitado para 96 horas.
Falha na reentrada: A espaçonave pode não conseguir reentrar completamente na atmosfera devido a um alinhamento defeituoso, permanecendo no espaço indefinidamente.
Vaporização na reentrada: Em um cenário mais grave, a espaçonave pode reentrar na atmosfera em um ângulo muito acentuado, causando falha no escudo térmico devido ao atrito e calor extremos, resultando na destruição da espaçonave antes de atingir a superfície e a perda dos astronautas.
Essas opções destacam os riscos associados à decisão da NASA. Enquanto isso, os astronautas, que inicialmente estavam programados para uma semana no espaço, continuam a receber orientação da Terra. Como explicou Joe Acaba, chefe do escritório de astronautas da NASA, “eles estão recebendo muitas informações que estamos analisando aqui no solo. Eles seguirão as instruções que receberem, e esse é o trabalho deles como astronautas.”
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