A Ilha da Queimada Grande, localizada a 35 km do litoral sul de São Paulo, entre Itanhaém e Peruíbe, não é um destino turístico comum. Com 430 mil m² de solo rochoso e praias sem faixas de areia, o local tem poucos atrativos para o público. No entanto, para biólogos e mais especificamente, herpetólogos, a ilha é um lugar de grande interesse. Conhecida como Ilha das Cobras devido à sua altíssima densidade de répteis, a ilha abriga cerca de 2.500 cobras, tornando-se o segundo local com maior concentração de serpentes no mundo. A primeira posição pertence à Ilha de Shedao, na China, que abriga aproximadamente 20.000 desses répteis.
Coberta pela Mata Atlântica, a Ilha da Queimada Grande é uma Área de Proteção Ambiental com acesso restrito a pesquisadores. Além da elevada quantidade de répteis, a ilha é o único habitat mundial da jararaca-ilhoa (Bothrops insularis). Esta serpente, parente da jararaca, possui características físicas e comportamentais distintas.
Curiosamente, a jararaca-ilhoa é uma das duas únicas espécies de cobras da ilha. A outra é a dormideira (Dipsas albifrons cavalheiroi), que é menos frequente e apresenta uma população menor, além de se assemelhar mais às cobras encontradas no continente. A ilha também abriga outros animais, como anfíbios, lagartos e aves, tanto residentes quanto migratórias.
Quem é a jararaca-ilhoa?
A jararaca-ilhoa é um exemplo notável de especiação geográfica. Quando uma população de uma espécie é isolada por uma barreira geográfica, como um rio ou uma montanha, as pressões evolutivas podem levar ao desenvolvimento de características distintas. Com o tempo, o que era originalmente uma única espécie pode evoluir para se tornar duas espécies diferentes.
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