O soluço é uma reação comum e muitas vezes inofensiva, mas que costuma surgir nos momentos mais inconvenientes. Um simples “hic!” pode interromper uma conversa, uma risada ou até um jantar. Mas afinal, por que o corpo produz esse som involuntário?
A explicação está em um músculo chamado diafragma, localizado logo abaixo dos pulmões. Ele é responsável por ajudar na respiração, contraindo-se para permitir a entrada de ar e relaxando para liberar o ar dos pulmões.
O que causa o soluço?
Durante a respiração normal, o diafragma se move de forma controlada. Porém, em alguns momentos, ele pode sofrer espasmos involuntários — contrações súbitas e descoordenadas. Quando isso acontece, o ar entra rapidamente pelos pulmões e faz com que as cordas vocais se fechem bruscamente, gerando o som clássico do soluço.
Esse reflexo pode ser causado por vários fatores simples do cotidiano, como:
- Comer muito rápido ou em excesso
- Beber líquidos gaseificados
- Engolir ar enquanto fala ou ri
- Mudanças bruscas de temperatura (como tomar algo muito gelado e logo em seguida algo quente)
- Emoções fortes, como ansiedade ou nervosismo

Na maioria das vezes, os soluços são transitórios e somem em poucos minutos. Mas quando eles demoram para passar, costumam gerar desconforto e até irritação.
Quando o soluço é sinal de algo mais sério?
Embora o soluço seja geralmente inofensivo, ele pode se tornar um sintoma preocupante se durar muito tempo. Soluços que persistem por mais de 48 horas são chamados de soluços persistentes e podem estar ligados a problemas mais complexos, como:
- Doenças neurológicas (AVC, esclerose múltipla)
- Distúrbios digestivos (refluxo, gastrite)
- Alterações metabólicas (como insuficiência renal)
- Lesões ou irritações no nervo frênico (que controla o diafragma)
Nesses casos, é essencial procurar um médico para investigação e tratamento adequado.
Soluços em bebês e… até antes do nascimento?
Sim, os soluços são tão naturais que bebês ainda no útero já apresentam esse reflexo. Fetos com apenas algumas semanas de gestação podem ter soluços, que podem ser notados em ultrassons ou pela própria mãe, como pequenos pulos ritmados.
Isso indica que o soluço é um reflexo muito antigo, provavelmente herdado de mecanismos primitivos do sistema respiratório. Alguns cientistas acreditam que ele pode ter servido como uma espécie de teste do diafragma ou até mesmo como proteção contra a entrada de líquidos nos pulmões durante fases muito iniciais da vida.

Por que é tão difícil parar o soluço?
Como se trata de um reflexo involuntário, não temos controle direto sobre o soluço. Por isso, tentamos truques caseiros que mexem com o sistema respiratório ou com o nervo vago (relacionado ao reflexo):
- Prender a respiração
- Beber água gelada lentamente
- Levar um susto (acione o sistema nervoso)
- Mastigar gelo ou açúcar
- Respirar dentro de um saco de papel
Nenhum desses métodos é garantido, mas muitas vezes funcionam por interromper o padrão automático do diafragma ou estimular nervos que o controlam.
O soluço pode ser incômodo, mas é um lembrete de que o corpo humano é cheio de reações curiosas. Ele surge por reflexos simples — como um músculo trabalhando fora do ritmo — e desaparece tão repentinamente quanto aparece.

Na maioria das vezes, basta esperar ou tentar métodos caseiros. Mas se ele persistir por horas ou dias, o ideal é buscar ajuda médica. O importante é entender que até os sons mais bobos do corpo têm uma explicação — e muitas vezes, uma história evolutiva fascinante por trás.