Os 95 anos de vida de Nelson Mandela estão repletos de reviravoltas e lições de superação e paz. A trajetória de um dos maiores líderes mundiais da história moderna merece ser constantemente revisitada e celebrada.
Nelson Rolihlahla Mandela, carinhosamente chamado de “Madiba” pelos sul-africanos em referência à sua origem, é a personalidade homenageada pela ONU (Organização das Nações Unidas) com a criação do Dia Internacional de Nelson Mandela. Celebrado anualmente em 18 de julho, o dia é um reconhecimento pela atuação do ativista em prol da paz e da liberdade.
Advogado, ativista premiado pelos direitos das pessoas negras, prisioneiro político e símbolo da luta pela paz e pelo fim do regime de segregação racial na África do Sul: Madiba parece ter vivido várias vidas em uma só.
Nelson Mandela possui origem nobre
Nelson Rolihlahla Mandela nasceu em 1918 na pequena vila de Mvezo, no leste da África do Sul. Ele veio de uma família real do povo Tembu, de língua Xhosa, um dos maiores grupos étnicos do país, conforme informa a Encyclopedia Britannica.
A plataforma detalha que Mandela era filho do chefe do clã Madiba, Henry Mandela, e, portanto, era o sucessor legítimo. No entanto, após a morte do pai, o jovem Nelson “renunciou à sua reivindicação de liderança” para estudar na capital, Joanesburgo, e se tornar um advogado.
Viveu sob as duras leis do Apartheid
Já em Joanesburgo, Mandela cursou Direito e, em 1944, ingressou na política. A partir de 1948, passou a viver sob o regime de segregação racial conhecido como Apartheid, implementado pelo governo da época. Este regime era baseado na separação de pessoas negras e brancas, impondo formas distintas de convívio.
“O Apartheid determinava, com base na raça, onde os sul-africanos poderiam morar e trabalhar, o tipo de educação que poderiam receber e até se poderiam ou não votar”, explica a Encyclopedia Britannica. “A população negra, que era a imensa maioria na África do Sul, era privada de direitos e vivia sob uma opressão violenta”, detalha a fonte.
Passou 27 anos na prisão e cumpriu uma pena de trabalhos forçados
Mandela foi preso em junho de 1964, acusado de tentar derrubar o governo de minoria branca que controlava a África do Sul na época. Acusado de traição e sabotagem, sua pena foi de prisão perpétua, conforme relatado pela Encyclopedia Britannica.
O ativista e político passou a maior parte de sua sentença em Robben Island, uma prisão perto da Cidade do Cabo, onde foi forçado a realizar trabalhos pesados, como quebrar pedras. “Durante a década de 1980, Mandela rejeitou várias ofertas de libertação antecipada do governo”, explica um artigo da National Geographic sobre sua vida.
Somente em 2 de fevereiro de 1990, o então presidente sul-africano F. W. de Klerk reverteu a condenação de Mandela e de outras organizações antiapartheid, anunciando posteriormente a libertação de Madiba, segundo a fonte.
Ao sair às ruas da Cidade do Cabo, mais de 50 mil pessoas o aguardavam para ouvir o primeiro discurso público do líder político em mais de 20 anos. Mandela declarou: “Nossa luta chegou a um momento decisivo. Nossa marcha para a liberdade é irreversível.” Suas palavras foram transmitidas para todo o mundo.
Primeiro presidente negro da África do Sul em 300 anos
Foto de Chris Sattlberger
Em 1994, Mandela foi eleito presidente da África do Sul com mais de 60% dos votos, encerrando um ciclo de três séculos de domínio europeu, que incluía colonizadores portugueses, holandeses e, por último, ingleses, sobre os povos africanos nativos da região, conforme explica o artigo da National Geographic.
Sua vitória foi surpreendente, dado o clima de tensão e violência que marcou as eleições. “Mandela fez uma campanha incansável, apelando para que as pessoas jogassem suas armas no mar”, reforça o artigo.
A ascensão de Mandela à presidência foi um marco não apenas para a África do Sul, mas para o mundo. Apenas 20 anos antes, as pessoas negras no país não podiam votar e eram segregadas até em ônibus e trens. A vida durante o regime de segregação racial incluía a restrição a locais específicos para negros, como praias, mercados e restaurantes, e a vivência em bairros considerados guetos, detalha a Encyclopedia Britannica.
Ganhou o Nobel da paz,antes de morrer aos 95 anos
Mandela morreu em 5 de dezembro de 2013, em Joanesburgo, quando já vivia bastante recluso. Ele foi casado praticamente a vida toda com Winnie Mandela, que também era ativista pelos direitos do povo negro. Da época em que ficou preso manteve o hábito de arrumar sua própria cama, todas as manhãs, mesmo quando era presidente, detalha o artigo de NatGeo.
Em 1993 recebeu uma das maiores honrarias de sua trajetória: o Prêmio Nobel da Paz, que dividiu com F. W. de Klerk, ambos por causa da atuação no combate ao Apartheid.
Sua vida foi repassada na autobiografia “Long Walk to Freedom” (“Longa Caminhada Até a Liberdade”, à venda no Brasil), que se tornou um best-seller internacional. O livro de memórias começou a ser escrito “secretamente” por ele quando ainda estava preso: “a biografia foi retirada da cadeia clandestinamente por prisioneiros que foram libertados”.
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